
A unidade fabril, parte central do (também) primeiro projecto industrial integrado do país, e que o consórcio Eneop ganhou, arranca um ano antes da obrigação contratual com o Estado, de forma a aproveitar uma oportunidade de mercado, segundo o presidente do consórcio, Aníbal Fernandes.
Apresenta também preocupações ambientais invulgares para os padrões portugueses. Por exemplo, vai funcionar com um sistema de iluminação natural e com um tanque subterrâneo de cerca de 1000 metros cúbicos para armazenar água das chuvas para utilizar no processo produtivo e para uma reserva permanente contra incêndios.
A fábrica, da responsabilidade dos alemães da Enercon que são o parceiro tecnológico do consórcio, começou a laborar em outuro e finalizou a fase de testes, com 140 trabalhadores recrutados. Em Março de 2008 deverá funcionar já em cruzeiro, com 540 trabalhadores distribuídos por dois turnos.
A antecipação da sua entrada em funcionamento em cerca de um ano deve-se a uma opção da Enercon, face à existência de encomendas de equipamento por parte de clientes portugueses (extraconsórcio), uma oportunidade, de acordo com o mesmo responsável, que vai evitar importações da Alemanha.
Neste primeiro ano, vai produzir 450 pás. Depois, a partir de 2008 e até 2010, produzirá integralmente para os parceiros do consórcio (Enernova, da EDP, Finerge, da Endesa, Generg, da Electrabel e Fundação Oriente, e Sodesa, da Endesa e Sonae). A partir desse ano, está obrigada a exportar 60 por cento do total da sua produção.
A fábrica de pás de rotor foi a segunda de seis novas unidades do cluster industrial eólico a ser inaugurada a primeira foi a das torres metálicas, da A. Silva Matos - um projecto que conta ainda com a ampliação de 12 unidades industriais existentes e a promessa de mais de 1500 milhões de euros de investimento, no total.
Entretanto será também assinalado o lançamento da primeira pedra das fábricas de torres de betão, em Viana do Castelo, e de geradores e mecatrónica, em Lanheses, representando um investimento superior a 41 milhões de euros.
Com o pólo industrial eólico a desenvolver em Viana do Castelo, a Enercon vai construir integralmente os geradores pela primeira vez fora da Alemanha e terá na cidade minhota a sua unidade mais avançada.
A fábrica de pás, pela qual é responsável, custou- lhe 2,5 milhões de euros acima dos quase 35 milhões de euros previstos, pelo facto de as prospecções geológicas terem revelado um terreno menos propício do que o previsto e obrigado à construção de fundações do edifício mais complexas.
O custo da fábrica, cuja construção arrancou em Janeiro, é suportado pela Enercon, sendo que o incentivo para o consórcio vem por via da tarifa que lhe será paga pela produção de energia eléctrica nos parques eólicos dos seus parceiros.
Ecoesfera-Lurdes Ferreira