size=4>As empresas de construção civil portuguesas andam ainda às avessas das suas congéneres europeias. Por essa Europa fora mais de dois terços do volume de negócios das referidas empresas é conseguido através de obras de reconstrução e conservação do património construído, sendo menos de um terço o volume de negócios referente às novas construções que põem o mercado. Em Portugal parece que aqueles valores se encontram invertidos, isto é, mais de dois terços para as novas construções e menos de um terço para a conservação e recuperação. Tais números demonstram a pouca consideração que temos pela conservação e recuperação do património construído: preferimos avançar para construções novas enquanto deixamos apodrecer as que temos. Crescemos em mancha de óleo para as periferias, enquanto deixamos o miolo das nossas cidades ao abandono.
Há aqui um mercado de que as empresas do sector não têm sabido, ou querido, tirar partido, provavelmente porque não será tão lucrativo (e especulativo) quanto o mercado das novas construções. Existirão também, e convém referi-lo, questões ligadas à rigidez do mercado de arrendamento, que introduzem uma inércia na conservação que todos conhecemos. Mas o mercado é feito não só pela oferta como também pela procura e, entre nós, a procura de construções/habitações recuperadas ou para recuperação não tem tido expressão significativa, sendo mesmo marginal.
A verdade é que entre nós se encontra instalada a cultura do novo, a qual, muitas vezes, é sinónimo de cultura do desperdício.
Luís N. Marques
Há aqui um mercado de que as empresas do sector não têm sabido, ou querido, tirar partido, provavelmente porque não será tão lucrativo (e especulativo) quanto o mercado das novas construções. Existirão também, e convém referi-lo, questões ligadas à rigidez do mercado de arrendamento, que introduzem uma inércia na conservação que todos conhecemos. Mas o mercado é feito não só pela oferta como também pela procura e, entre nós, a procura de construções/habitações recuperadas ou para recuperação não tem tido expressão significativa, sendo mesmo marginal.
A verdade é que entre nós se encontra instalada a cultura do novo, a qual, muitas vezes, é sinónimo de cultura do desperdício.
Luís N. Marques