size=4>Batem leve, levemente...
Alguns minutos a nevar nalguns locais onde tal não constitui cenário habitual (na foto- A8-Lx/Malveira), chegou para trazer a felicidade a milhares (milhões?!...) de portugueses. Felicidade gratuita, embora efémera. Como toda a felicidade.
Mas o nevão que os habitantes do Centro e Sul de Portugal Continental puderam presenciar no passado domingo, 29 de Janeiro, veio também, mais uma vez, sensibilizar os portugueses para o fenómeno das alterações climáticas. Com o frio que se fez sentir à mistura.
Hoje, as alterações climáticas são consideradas, a nível global, como uma das ameaças ambientais mais graves, dados os efeitos que originam. E Portugal não está imune às alterações que se avizinham. Antes pelo contrário. A sua localização no extremo sudoeste do continente europeu, confere-lhe particularidades que têm sido alvo de observações várias.
E os estudos até agora desenvolvidos, nomeadamente o chamado SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures) que constitui a primeira avaliação integrada dos impactos e medidas de adaptação às alterações climáticas em Portugal Continental, e também a primeira realizada para um país do Sul da Europa, apontam para um somatório de sinais que prognosticam que o clima português está em fase de mudança. E essas mudanças não serão tão belas como as fotos tiradas durante o nevão de domingo.
Portugal, terra de praia e de sol, até agora conhecido pelo seu carácter mediterrânico e ameno, tão do agrado dos turistas oriundos da Europa Setentrional, vem apresentando novas características climatéricas. Como concluem os resultados da segunda fase do projecto SIAM, que foi recentemente vertido em livro.
As conclusões apontam para um conjunto de previsões para as próximas décadas que, não sendo inovadoras, são sustentadas cientificamente. E referem-se a:
- Secas e ondas de calor mais prolongadas no verão;
- Invernos mais frios (o que não significará obrigatoriamente mais chuvosos);
- Quebra na precipitação média anual, com diminuição das reservas de água na maior parte dos aquíferos;
- Maiores riscos de erosão costeira;
- Diminuição da biodiversidade e aumento da desflorestação (agravada por um aumento dos incêndios).
E se os sinais estão à vista de todos, tenhamos coragem de os interpretar convenientemente. Caso contrário, as consequências que hoje começam a fazer-se sentir, nomeadamente em termos de saúde pública, reservas de água potável ou incêndios, tenderão a aproximar-se de catástrofes que o homem parece cada vez mais longe de controlar.
Assumir medidas particulares e estratégias políticas sectoriais em Portugal, na Europa e à escala mundial revela-se cada vez mais uma tarefa indispensável. As futuras gerações irão agradecer.
Fernando Marques
Geógrafo
Estudo lançado prevê mais secas para Portugal - «PROJECTO SIAM II : Alterações climáticas em Portugal, Cenários, Impactos, e Medidas de Adaptação»
Consulte notícia do DN aqui.
Alguns minutos a nevar nalguns locais onde tal não constitui cenário habitual (na foto- A8-Lx/Malveira), chegou para trazer a felicidade a milhares (milhões?!...) de portugueses. Felicidade gratuita, embora efémera. Como toda a felicidade.
Mas o nevão que os habitantes do Centro e Sul de Portugal Continental puderam presenciar no passado domingo, 29 de Janeiro, veio também, mais uma vez, sensibilizar os portugueses para o fenómeno das alterações climáticas. Com o frio que se fez sentir à mistura.
Hoje, as alterações climáticas são consideradas, a nível global, como uma das ameaças ambientais mais graves, dados os efeitos que originam. E Portugal não está imune às alterações que se avizinham. Antes pelo contrário. A sua localização no extremo sudoeste do continente europeu, confere-lhe particularidades que têm sido alvo de observações várias.
E os estudos até agora desenvolvidos, nomeadamente o chamado SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures) que constitui a primeira avaliação integrada dos impactos e medidas de adaptação às alterações climáticas em Portugal Continental, e também a primeira realizada para um país do Sul da Europa, apontam para um somatório de sinais que prognosticam que o clima português está em fase de mudança. E essas mudanças não serão tão belas como as fotos tiradas durante o nevão de domingo.
Portugal, terra de praia e de sol, até agora conhecido pelo seu carácter mediterrânico e ameno, tão do agrado dos turistas oriundos da Europa Setentrional, vem apresentando novas características climatéricas. Como concluem os resultados da segunda fase do projecto SIAM, que foi recentemente vertido em livro.
As conclusões apontam para um conjunto de previsões para as próximas décadas que, não sendo inovadoras, são sustentadas cientificamente. E referem-se a:
- Secas e ondas de calor mais prolongadas no verão;
- Invernos mais frios (o que não significará obrigatoriamente mais chuvosos);
- Quebra na precipitação média anual, com diminuição das reservas de água na maior parte dos aquíferos;
- Maiores riscos de erosão costeira;
- Diminuição da biodiversidade e aumento da desflorestação (agravada por um aumento dos incêndios).
E se os sinais estão à vista de todos, tenhamos coragem de os interpretar convenientemente. Caso contrário, as consequências que hoje começam a fazer-se sentir, nomeadamente em termos de saúde pública, reservas de água potável ou incêndios, tenderão a aproximar-se de catástrofes que o homem parece cada vez mais longe de controlar.
Assumir medidas particulares e estratégias políticas sectoriais em Portugal, na Europa e à escala mundial revela-se cada vez mais uma tarefa indispensável. As futuras gerações irão agradecer.
Fernando Marques
Geógrafo
Estudo lançado prevê mais secas para Portugal - «PROJECTO SIAM II : Alterações climáticas em Portugal, Cenários, Impactos, e Medidas de Adaptação»
Consulte notícia do DN aqui.