
Duzentos e cinquenta quilómetros de estradas portuguesas foram construídas ou recuperadas desde 1999 com borracha reciclada de pneus velhos, um projecto desenvolvido pela empresa Recipav, do grupo Águas de Portugal.
Nos últimos sete anos foram produzidas 16.700 toneladas de Betume Modificado com Borracha (BMB), através da reutilização de 640 mil pneus.
Em Portugal, o BMB utilizado incorpora menos de dez por cento da mistura aplicada na construção ou reconstrução dos pavimentos.
Para uma estrada comum utiliza-se o equivalente a cerca de um pneu por cada metro quadrado de estrada, ou seja, quatro mil pneus por quilómetro.
A Recipav defende que a utilização de BMB - que junta borracha ao betume - tem várias vantagens face ao betume tradicional, nomeadamente um aumento na resistência ao envelhecimento e na elasticidade, diminuindo o aparecimento de fissuras à superfície dos pavimentos.
Segundo estudos da Recipav, o BMB reduz os custos de manutenção dos pavimentos e aumenta o atrito no contacto pneu/pavimento.
Em Portugal o uso dos pneus tem tido papel de destaque, uma vez que não existem outros destinos para aquele resíduo para além da queima nos fornos das cimenteiras (co-incineração). A sua colocação em aterro foi proibida há pouco mais de dois anos.
A utilização do BMB tem sido acompanhada pelo LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que elabora estudos e acompanha as obras que utilizam aquele resíduo.
A utilização de borracha no pavimento de estradas começou nos anos 60 nos Estados Unidos, na África do Sul e na Austrália, tendo por objectivo limitar a utilização de recursos naturais na construção das estradas.
Alguns países estão também a aplicar na construção de estradas produtos resultantes das demolições de prédios, da fabricação de plásticos, escombreiras resultantes da produção dos mármores, cinzas das centrais de alto forno.
Na próxima quinta-feira, em Lisboa, está marcado um seminário sobre "Pavimentos Rodoviários Verdes", que vai reunir responsáveis de empresas como a Estradas de Portugal, a Brisa e as maiores construtoras, contando ainda com a presença de especialistas estrangeiros.
17-10-2006 - Lusa