
Por encomenda da Comissão Europeia, a UICN realizou uma avaliação dos mamíferos do continente europeu, tendo por base os critérios da sua Lista Vermelha de espécies ameaçadas, que publica a cada dois anos.
Das 231 espécies de mamíferos avaliadas pela UICN, 25 estão na situação de "vulneráveis", nove estão em "perigo" e cinco estão "criticamente em perigo" - as três categorias de espécies ameaçadas da Lista Vermelha.
Entre as cinco que mais correm o risco de desaparecer para sempre encontra-se o lince ibérico. "Com apenas duas populações isoladas em Espanha, [o lince] é agora a espécie de felino mais ameaçada no mundo", diz o relatório. "Apesar de já ser alvo de várias medidas de conservação, sem novas acções, esta espécie provavelmente extinguir-se-á no estado selvagem", vaticina a UICN.
Também em situação crítica está o rato Microtus bavaricus, uma espécie endémica dos Alpes, que só sobrevive actualmente num único ponto da cordilheira, e a foca-monge, que resiste na Grécia, na Turquia e tem uma pequena colónia nas ilhas Desertas, na Madeira.
Na avaliação da UICN, há uma proporção maior de mamíferos marinhos ameaçados (22 por cento das 27 espécies avaliadas) do que terrestres (14 por cento de 167 espécies).
Pelo menos uma espécie de mamífero marinho - a baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus) - é considerada extinta na Europa. Outras duas espécies, um tipo de lebre (Prolagus sardus) e o bovino Bos primigenius, estão extintas desde o século XVI.
De acordo com a UICN, mais de um quarto dos mamíferos europeus (27 por cento) tem as suas populações a diminuir. Um terço (32 por cento) está estável e apenas 8 por cento estão a aumentar em número. Para um terço das espécies (33 por cento), não há conhecimento claro sobre a sua tendência populacional.
O desaparecimento de espécies foi um dos temas que marcaram o Dia Mundial da Biodiversidade (22/5). "Estamos a passar pela maior onda de extinções desde o desparecimento dos dinossauros", disse o responsável máximo pela Convenção da Diversidade Biológica, da ONU, Ahmed Djoghlaf, citado pela agência Reuters. "A cada hora, três espécies desaparecem. Em cada dia, cerca de 150 espécies se perdem. Em cada ano, 18.000 a 55.000 espécies tornam-se extintas", completou Djoghlaf.
Ricardo Garcia