
A proposta norte-americana surge a poucos dias da cimeira do G8, em Heiligendamm, na Alemanha. No topo da agenda do encontro dos países mais industrializados está uma proposta da Alemanha com objectivos concretos, incluindo a quebra em 50 por cento das emissões dos gases com efeitos de estufa até 2050, tendo por referência o nível das emissões em 1990.
Os Estados Unidos, que não assinaram o protocolo de Quioto, em 1997, corriam o risco de ficar isolados na conferência do G8. A proposta de Bush, relativa ao período posterior ao abrangido por aquele protocolo, que expira em 2012, não propõe metas, mas apela a um acordo, em 2008, entre os 15 países mais poluidores do planeta, incluindo a Índia e a China.
Em matéria de procedimentos, o foco de Bush está na inovação tecnológica e não num sistema de redução coerciva de emissões, acompanhadas por sanções.
Apesar de não terem estado até agora empenhados no combate à mudança do clima, os norte-americanos querem liderar o processo, assumindo o lugar das Nações Unidas, que este ano organizam, em Bali, uma nova conferência sobre a questão do clima.
A proposta dos EUA foi criticada por organizações ecologistas e na imprensa europeia como uma forma de torpedear a proposta de Merkel ao G8. A chanceler alemã entende que a adopção de medidas concretas na cimeira que decorrerá entre os dias 6 e 8 é vital para o sucesso de Bali.
Mas a chanceler foi moderada na reacção. "O discurso do Presidente dos EUA deixa claro que ninguém pode alhear-se mais da questão do aquecimento global", disse Merkel. Tony Blair e o presidente da Comissão, Durão Barroso, pronunciaram-se no mesmo sentido. O comissário europeu para a Energia, Andreis Piebalgs, também aplaudiu
o plano.
Mas a prudência de Merkel não encontra eco no ministro do Ambiente germânico. Sigmar Gabriel: "[O plano dos EUA] não pode ser um cavalo de Tróia que passe por cima de Heiligendamm e torpedeie o processo internacional de protecção do clima." O negociador principal alemão para as questões do clima, na cimeira, Bernd Pfaffenbach, disse que enfraquecer o papel da ONU é "uma linha vermelha que Merkel não atravessará".
in Ecoesfera