
«2007 parece que vai ser o segundo ano mais quente de sempre, logo depois de 1998», afirmou Phil Jones, chefe da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia (Grã-Bretanha), que fornece dados para a Organização Meteorológica Internacional (OMI), da ONU.
«E a diferença de 1998 não é assim tão grande. Pode mudar, mas no momento parece improvável», continuou o especialista, que fez a previsão com base nos registos de temperatura colectados até ao fim de Abril deste ano.
Jones previra no final do ano passado que 2007 poderia superar 1998 como o ano mais quente já registado, em muito graças à combinação dos gases do efeito estufa com o El Niño, fenómeno natural causado pelo aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico.
Quase todos os climatologistas apontam para uma tendência com mais secas, inundações, ondas de calor e tempestades. Mas dizem que, isoladamente, esses factos não são necessariamente reflexo do aquecimento - os especialistas indicam que clima é mesmo caótico.
Os dez anos mais quentes no último século e meio foram todos registados de 1990 para cá. O ano de 2006 foi o sexto mais quente, segundo a OMI. A Nasa, que usa dados ligeiramente diferentes, coloca 2005 como o mais quente, à frente de 1998.
Entre os fenômenos mais devastadores, mais de 500 pessoas morreram em tempestades e inundações no Paquistão, no Afeganistão e na Índia há semanas.
Na Grécia, as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, como parte da onda de calor que atinge o sul da Europa. Algumas regiões da China também tiveram calor excepcional nos últimos dias.
Neste ano, uma comissão da ONU que reúne o trabalho de 2.500 cientistas disse que «muito provavelmente» as actividades humanas ligadas ao uso de combustíveis fósseis são a principal causa do aquecimento no último meio século.
A «melhor estimativa» da comissão é de que as temperaturas subirão de 1,8 a 4 graus Celsius neste século no planeta.
Salvano Briceño, chefe do secretariado da Estratégia Internacional da ONU para Redução de Desastres, em Genebra, disse à Reuters que o mundo tem de adoptar melhores políticas melhores contra desastres naturais, e que a mudança climática já está aumentando os riscos.
Aquecimento à parte, as cidades estão superlotadas, o que leva, por exemplo, à ocupação de áreas sujeitas a inundações ou secas.
Reuters/SOL