
Os principais biocombustíveis são:
- Bioetanol: este álcool, que se utiliza como combustível para veículos, normalmente misturado com outros carburantes, obtém-se a partir de açúcares ou produtos orgânicos como a beterraba, os cereais, o trigo e a cana de açúcar (cuja produção o Brasil lidera). Na UE, utiliza-se uma modalidade deste combustível, o chamado ETBE (o éter etilter-butil).
- Biodiesel: Este biocombustível sintético líquido obtém-se a partir de gorduras naturais como azeites de palma, girassol, colza ou soja. Também são conhecidos como biogasóleo ou diester. Em Espanha é possível comprar biodiesel, misturado com combustível fóssil, em mais de 250 gasolineiras. Em Portugal, também é possível adquirir biodiesel, mas em menor número de postos de abastecimento. Durante a guerra colonial, há trinta anos, viaturas pesadas portuguesas Berliet-Tramagal já utilizavam óleo de palma como combustível, dadas as dificuldades de reabastecimento das zonas mais remotas no interior de Angola.
- Biogás: Este combustível obtém-se a partir das reacções de degradação da matéria orgânica. Chama-se biogás à mistura constituída por metano CH4 e dióxido de carbono, para além de outros gases como hidrogénio, nitrogénio e sulfureto de hidrogénio.
- Biocarburantes de segunda geração: além dos biocarburantes tradicionais existem outros de segunda geração, produtos que na sua maioria estão em fase de desenvolvimento e que ainda não se comercializam.
Entre estes, destaca-se o obtido a partir da transformação de linhocelulosa ou pasta de papel, em cujo desenvolvimento já se trabalha em três fábricas-piloto na UE, sedeadas na Espanha, Suécia e Dinamarca.
Este biocarburante também recebeu o impulso do governo norte-americano, com 385 milhões de dólares em 2007.
Estão a ser investigadas outras tecnologias para converter a biomassa em biocarburantes líquidos, como o biodiesel Fischer-Tropsch e o bio-DME (biodimetileter) ou o gás natural sintético, que se pode produzir tanto a partir de recursos fósseis como renováveis.
Vantagens e inconvenientes dos biocarburantes: apesar das vantagens dos biocombustíveis, estes também suscitam críticas como a possibilidade de que possam fazer disparar os preços dos alimentos de primeira necessidade, por causa da matéria agrícola que se destina a estes carburantes ou dúvidas sobre os seus verdadeiros benefícios ambientais.
O biodiesel emite menos CO2 para a atmosfera - entre 50 a 60 por cento do que os outros combustíveis tradicionais -, pelo que, à priori, resulta mais favorável para o meio ambiente.
Mas, como as emissões contaminantes persistem, embora em menores quantidades, alguns especialistas advogam a necessidade de aumentar as colheitas de cereais para absorver o CO2.
Outras vantagens atribuídas aos biocombustíveis é que permitem reduzir a dependência das importações de combustíveis tradicionais e criam novas oportunidades de mercado para o sector agrícola.
Os mais críticos denunciam que se esteja a utilizar matérias-primas alimentares para o fabrico de biocarburantes.
Pensa-se que um aumento da utilização destes produtos agrícolas para o fabrico de bioetanol poderia provocar o encarecimento destes produtos básicos, como ocorreu o ano passado no México com o milho, ingrediente básico para o fabrico de tortilhas.
As organizações ambientais temem que a extensão das monoculturas, para produzir bioetanol e biodiesel, provoque uma redução dos habitats animais e a desflorestação de áreas como a Amazónia.
Por outro lado, outros cépticos sublinham que as viaturas não estão preparadas para abastecer-se de uma mistura de bioetanol superior a 10 por cento, pelo que o mercado deste biocombustível é limitado sem a prévia transformação dos veículos.
No passado mês de Março, os líderes da UE comprometeram-se a que, até 2020, 20 por cento da energia consumida nos seus países provenha de fontes renováveis, com um mínimo de 10 por cento de biocombustíveis no caso da gasolina e gasóleo para transporte.
O biodiesel ocupa o primeiro lugar entre os biocombustíveis mais utilizados na UE, com cerca de três milhões de toneladas, seguido pelo biodiesel, com 877 mil toneladas, e outros tipos de carburantes ecológicos - essencialmente o biogás -, com 649 mil toneladas.
Lusa / SOL