
size=3>A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) propôs pagar aos agricultores para estes protegerem o Ambiente e não apenas pelos bens que produzem, no seu relatório anual publicado em Roma.
A agricultura pode causar a degradação dos solos, dos recursos hídricos, do ar e dos recursos biológicos. Mas também pode melhorar o meio. Tudo depende das decisões que tomam as mais de duas mil milhões de pessoas que vivem da agricultura, da pecuária, da pesca ou da exploração das florestas, diz a FAO.
Actualmente, os agricultores são agentes de peso. Na verdade, são os principais gestores dos recursos naturais do mundo, explorando cerca de cinco mil milhões de hectares da superfície total, de 13 mil milhões de hectares.
O desafio consiste em convencer os agricultores a limitar os efeitos negativos dos seus métodos de produção, ao mesmo tempo que se responde à necessidade crescente de alimentos, sublinha a organização no seu relatório de 2007.
No campo dos incentivos, a FAO considera que o pagamento dos serviços que protegem o Ambiente pode ser um mecanismo útil.
A agricultura mundial pode ultrapassar este desafio, disse aos jornalistas o director-geral da FAO, Jacques Diouf, na apresentação do relatório.
A FAO lembra que muitos governos já dão subsídios à agricultura mas poucos o fazem para proteger o Ambiente. Os incentivos actuais tendem a favorecer a produção de alimentos, de fibras e, cada vez mais, de biocombustíveis. Mas subestimam outros serviços que os agricultores podem oferecer, disse Diouf.
O relatório concentra-se em três serviços: o armazenamento de dióxido de carbono nas plantas e no solo algo que pode ajudar a abrandar o sobre-aquecimento do planeta -; a capacidade para ajudar a reter água, através das raízes e do solo e assim evitar inundações e a conservação da natureza.
Estima-se que a desflorestação produza, pelo menos, 18 por cento das emissões globais de gases com efeito de estufa. Por isso, uma área a investir seria no pagamento aos países mais pobres para não abaterem as suas florestas. Por enquanto, esta opção está prevista, ainda que de forma limitada, pelo Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas. Na cimeira de Bali, em Dezembro, os Estados membros da Convenção Quadro da ONU para as alterações climáticas vão debater a possível expansão desta hipótese.
Na sessão de lançamento do relatório, Prabhu Pingali, um responsável da FAO, citou o exemplo da cidade de Nova Iorque que, há dez anos, sentiu na pele a ameaça da poluição das águas devido às explorações agrícolas nas suas proximidades. Em vez de instalar vários filtros potentes, a cidade decidiu remunerar os agricultores para que estes reduzissem eles mesmos a poluição que estavam a criar, lembrou Pingali.
AFP, Reuters