
Ao longo dos próximos três anos, as águas de Alqueva vão abastecer progressivamente as casas de dois terços dos habitantes (200 mil) dos distritos de Évora e Beja. A operação, em caso de emergência, poderá começar a qualquer hora. O abastecimento público de água a partir do Alqueva ainda não está em funcionamento porque as pequenas barragens complementares do sistema, como Monte Novo, apresentam elevados caudais. Em declarações à Lusa, o administrador delegado da Águas do Centro Alentejo, António Ventura, afirma que a Barragem do Monte Novo está quase cheia. Por isso, não há necessidade, por enquanto, de reforço do caudal com água oriunda do Alqueva.
Carlos Silva, porta-voz da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva, garantiu que já estão operacionais as infra-estruturas para a transferência de água de Alqueva para a Barragem do Monte Novo, próximo de Évora.
A partir da albufeira-mãe (Alqueva), as águas vão percorrer 40 quilómetros de canais que atravessam os campos alentejanos, passando por quatro pequenas barragens intermédias e um reservatório de regularização. A viagem termina no Monte Novo, albufeira que já abastece Évora e vai passar a contemplar, a partir deste mês, os concelhos de Reguengos de Monsaraz e Mourão, abrangendo 70 mil habitantes. A garantia é do responsável da Águas do Centro Alentejo, António Ventura. O responsável reconhece que se registaram alguns atrasos nas obras de instalação de condutas até Mourão e Reguengos de Monsaraz, devido a problemas com a libertação de terrenos. Agora, as infra-estruturas já estão todas concluídas e testadas e encontramo-nos na fase final de instalação da telegestão, assegura, acrescentando que o sistema pode, se necessário, começar a funcionar a qualquer momento.
De acordo com o administrador delegado da Águas do Centro Alentejo, em casos de maior escassez de água, o Alqueva está em condições de garantir a recarga do Monte Novo com água em quantidade e qualidade para abastecimento às populações. Com as alterações, Reguengos de Monsaraz vai deixar de ser abastecido pela Barragem da Vigia, represa hidro-agrícola, que passará a alimentar apenas o concelho vizinho de Redondo (7.500 habitantes) Por isso, poderá ter maior disponibilidade de água para regadio.

Depois de alimentar o sistema do Monte Novo, as águas de Alqueva vão chegar, progressivamente, até 2009, a outras povoações alentejanas, contemplando mais de 200 mil dos 300 mil habitantes dos distritos de Beja e Évora. Através da albufeira de Alvito, as águas de Alqueva vão chegar, em 2008, aos concelhos de Alvito, Cuba, Vidigueira, Portel e Viana do Alentejo. Em 2009, a ligação à albufeira do Enxoé permitirá abastecer as populações de Serpa e Mértola, na margem esquerda do Guadiana. No mesmo ano, será a vez dos habitantes de Beja e Aljustrel provarem a água de Alqueva, através da ligação à albufeira do Roxo.
Além de garantir o abastecimento de água às populações, as principais valências do Alqueva, considerada uma reserva estratégica de água, passam também pela produção de energia hidroeléctrica, criação de 110 mil hectares de regadio e desenvolvimento turístico, além dos desportos náuticos.
Com as comportas fechadas desde 8 de Fevereiro de 2002, o Alqueva vai armazenar 4.150 hectómetros cúbicos de água quando estiver à sua cota máxima (152), tornando-se então o maior lago artificial da Europa, com uma área de 250 quilómetros quadrados e 1.100 quilómetros de margens.
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Quase nove mil hectares de regadio
O projecto Alqueva já rega 8.811 hectares e prevê-se que atinja os 110 mil com a conclusão de todas as infra-estruturas de regadio até 2013. Após 11 anos de obras, cerca de seis a encher e um investimento superior a 1,2 mil milhões de euros, distribuído pelas valências agrícola, hidroeléctrica e de abastecimento público, este projecto estruturante para o Alentejo, permite regar, abastecer populações e produzir energia eléctrica. A albufeira do Alqueva, no Guadiana, começou a encher em Fevereiro de 2002 e actualmente está a 77,6 por cento da sua capacidade total, à quota de 147,52 metros.
A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) já tem assegurados os 960 milhões de euros para a conclusão do projecto até 2013, depois de inicialmente prevista para 2025, revista para 2015 e recentemente antecipada em dois anos. Dos 110 mil hectares de regadio a criar, as infra-estruturas de Alqueva já abastecem, através da rede secundária, 5.820 hectares no concelho de Ferreira do Alentejo (Beja) e 591 hectares na aldeia da Luz, no concelho de Mourão (Évora). A estes, juntam-se 2.400 hectares de dois blocos de rega do Aproveitamento Hidroagrícola do Monte Novo (Évora), que irá beneficiar de um total de 7.714.
Com as várias obras, a EDIA garante que serão alcançados os 53.187 hectares de regadio estabelecidos para 2009. O projecto global implicará um investimento total acumulado de 2,1 mil milhões de euros, até 2013. Alqueva já é o maior lago artificial de Portugal e, quando atingir a capacidade total de armazenamento, à cota 150, será o maior da Europa, com uma área de 250 quilómetros quadrados e cerca de 1.160 quilómetros de margens.
in Correio da Manhã