
Um estudo de 18 meses sobre a situação ambiental na China concluiu que a poluição está a provocar «danos significantes na saúde humana» que terão impacto nos resultados económicos do país, segundo Mario Amano, vice-secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Lorents Lorentsen, director ambiental da organização com sede em Paris, referiu que a poluição diminuiu a produtividade, agravou os custos com cuidados médicos e provocou agitação social no país asiático.
«Se houver um grave poluição do ar, solo e água, a saúde das pessoas é afectada, o que significa que poderão ficar doentes, assim como as crianças», disse Lorents durante a apresentação do relatório em Pequim.
«O impacto na produtividade, os custos de saúde e os tumultos sociais não são bons para a economia», acrescentou.
O documento da OCDE cita ainda um relatório do Banco Mundial dizendo que em 2020 a poluição causará 600 mil mortes prematuras nas zonas urbanas da China e provocará problemas de respiração a 20 milhões de pessoas por ano.
Segundo os cálculos do Banco Mundial, que Pequim contesta, 190 milhões de pessoas estão doentes e mais de 30 mil crianças morrem por ano devido a diarreias provocadas pela poluição da água.
O custo total na saúde humana, diz ainda o relatório, será equivalente a 13% do Produto Interno Bruto do país.
As contas do governo chinês referentes a 2004, as últimas divulgadas, dizem que a poluição retirou ao país 511,8 mil milhões de renminbi (50 mil milhões de euros) em perdas económicas, três por cento do total.
Para a OCDE, o cenário ambiental da China ameaça também a imagem do país enquanto exportador, sendo que em Junho os Estados Unidos impuseram mesmo restrições às importações chinesas de marisco.
«Se o país tiver reputação de poluidor, então terá uma má imagem no exterior. É muito difícil um país poluído vender fármacos e produtos alimentares», disse Lorensten.
A OCDE aconselhou ainda Pequim a ser mais transparente sobre os impactos da poluição na saúde e a promover maior democracia ambiental e a participação da sociedade civil através da acção de Organizações Não-Governamentais, por exemplo.
As falhas ao nível da eficiência e a pouca informação disponível «limitam a capacidade de prevenção e acção das autoridades e cidadãos chineses», diz o relatório.
No início de Julho, o jornal britânico Financial Times noticiou pressões do governo chinês sobre o Banco Mundial para eliminar parte de um relatório que mostrava que 750 mil chineses morrem prematuramente todos os anos devido à poluição.
A pressão chinesa levou à eliminação de um terço da investigação, intitulada «Custos da Poluição na China», com Pequim a argumentar que o conteúdo poderia provocar em agitação social.
Os conselheiros da equipa de investigação disseram ao jornal londrino que a China censurou ainda um mapa detalhado que mostrava as cidades com maior incidência de casos mortais.
Lusa