Portugal é um país cada vez mais «litoralizado». A maior parte da sua (escassíssima) actividade industrial, terciária, científica, tecnológica e empresarial desenrola-se no litoral ocidental. Portugal é um país «territorialmente desequilibrado», dizem insistentemente os ambientalistas profissionais.
Mas o Desenvolvimento, o Crescimento e o Investimento exigem políticas e estratégias de Selectividade Territorial. É impossível e impensável distribuir homogeneamente, por todo o território nacional, infra-estruturas, equipamentos, serviços, empresas, iniciativas O Orçamento do Estado português e os Fundos da União Europeia não podem ser «espalhados» pelo território nacional.
O território não tem sempre a mesma capacidade de suporte de actividades humanas. Há territórios mais e menos favoráveis à presença humana. Por isso mesmo, a maior parte da Humanidade vive nas zonas litorais e nas margens dos grandes rios. Por isso mesmo, praticamente não há vida humana nas areias dos escaldantes desertos e no gelo insuportável das calotes polares
Esta reflexão aparentemente incorrecta serve para defender uma Rede Urbana racionalmente organizada e polarizada. Mas serve, também, para afirmar que a «desertificação humana» de inúmeras zonas de Portugal é inevitável. Não podemos, nem devemos, travar a morte lenta ou acelerada de milhares de aldeias isoladas e atrasadas Não devemos «prender» os portugueses a vastos territórios desprovidos de quase todos os sinais exteriores da civilização ocidental.
Curiosamente, muitos «ambientalistas» bem-pensantes e bem-falantes das últimas décadas vivem confortavelmente instalados nas avenidas cosmopolitas e elegantes das regiões urbano-metropolitanas, enquanto defendem dogmaticamente a colonização humana dos territórios mais inóspitos e isolados do interior de Portugal . Obviamente, esta deverá ser concretizada por outros
Qualquer política socialmente sustentável deve, pois, defender a Qualidade de Vida e o Bem-Estar para Todos. Nesta perspectiva, o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) que vier a ser aprovado deverá ter em conta este imperativo social. Em suma, o modelo de Desenvolvimento, de Crescimento e de Investimento de Portugal não poderá deixar de apostar numa estratégia aparentemente «desequilibrada» de Selectividade Territorial.
Pedro Franco